Janeiro Branco: Desvendando Estigmas e Inspirando Mudanças
Por Maria Laura Rodrigues Barros, Psicóloga Clínica (CRP 02/25589)
Neste início de 2024, o mês de janeiro transcende sua função meramente cronológica, tornando-se um portal para análises profundas sobre nossas vidas, relacionamentos e metas. Sob a bandeira do “Janeiro Branco”, a campanha deste ano, intitulada “Saúde Mental enquanto há tempo! O que fazer, agora?”, visa conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde mental e emocional, desmitificando os estigmas associados a transtornos mentais, como ansiedade e depressão.
A escolha do mês de janeiro para essa campanha se baseia na oportuna chance de avaliarmos nossas vidas, considerando-o um ponto de transição entre experiências que se encerram e novos capítulos que se iniciam. A cor branca, símbolo da campanha, representa metaforicamente as “folhas ou telas em branco” nas quais podemos projetar nossas expectativas, desejos e histórias, buscando as mudanças que desejamos realizar.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é “um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, trabalhar produtivamente e contribuir para sua comunidade”. Isso vai além da ausência de doenças mentais, englobando a promoção da saúde e a valorização da subjetividade, emoções e propósito de vida.
É crucial distinguir entre um momento de tristeza passageira e um transtorno mental. Avaliar a duração e o impacto dos sintomas em diversas áreas da vida ajuda a identificar a necessidade de buscar ajuda profissional. Quando sentimentos resultam em sofrimento prolongado e comprometem várias áreas da vida, é fundamental procurar um profissional de saúde mental para uma avaliação criteriosa.
Além disso, é essencial combater o estigma associado à saúde mental, especialmente no contexto de transtornos. O preconceito muitas vezes impede que indivíduos procurem ajuda, levando a um ciclo de silêncio e sofrimento oculto. Ao desmistificar e eliminar o estigma, criamos um ambiente propício para que as pessoas se sintam confortáveis em buscar apoio, promovendo um diálogo aberto sobre saúde mental.
O estigma relacionado à saúde mental é uma barreira significativa que muitas pessoas enfrentam ao buscar apoio e tratamento. Ele se manifesta como um conjunto de crenças e atitudes negativas, frequentemente baseadas em desinformação e preconceitos, que cercam os transtornos mentais. Essas atitudes podem ser internalizadas e expressas através de sinais tais como: silenciamento e isolamento, falta de busca por ajuda profissional, dificuldades no ambiente de trabalho: impacto nas relações pessoais e o autoestigma que é fruto da baixa autoestima.
Ao reconhecer a necessidade de ajuda, é essencial buscar um profissional de saúde mental, seja um psiquiatra ou psicólogo. Mesmo sem acesso imediato a esses especialistas, é crucial expressar sentimentos a profissionais de saúde básica, amigos ou familiares de confiança. Não se calar é o primeiro passo para a busca de apoio.
A prática do autocuidado é fundamental para a saúde mental. Priorizar um sono de qualidade, buscar alimentação saudável, realizar atividades prazerosas, praticar atividades físicas e dedicar tempo à meditação são passos importantes. A psicoterapia também é uma aliada valiosa para o crescimento e desenvolvimento de resiliência. Reconhecendo que a vida trará desafios, é essencial buscar ajuda ao enfrentar conflitos, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida.
Em resumo, o “Janeiro Branco” é mais do que uma campanha; é um convite para desmistificar preconceitos, incentivar transformações e criar uma cultura de cuidado emocional. Ao abraçar a saúde mental e eliminar o estigma associado a transtornos, podemos construir um presente e um futuro mais equilibrados e resilientes, contribuindo para o bem-estar individual e coletivo.