Março Lilás: Prevenção do Câncer de Colo do Útero

Fortalecendo a Saúde Feminina através da Educação e Prevenção do Câncer de Colo do Útero

Por Dr. Flávio Cardoso, Ginecologista e Obstetra CRM-PE: 26825 | RQE: 14232

Campanha Março Lilás

No mês de Março, o Ministério da Saúde promove a campanha Março Lilás, que visa a conscientização da população sobre a prevenção e tratamento do câncer do colo do útero. No Brasil, o câncer de colo do útero é o terceiro mais prevalente entre as mulheres, excluídos os casos de câncer de pele não melanoma, ficando atrás apenas do câncer de mama e colorretal.

A distribuição da doença é bastante heterogênea, com algumas regiões do Norte e Nordeste tendo-o como o segundo câncer mais prevalente, evidenciando a desigualdade social e a pobreza como importantes fatores na história natural da doença (MS, 2022). Em 2023, estima-se uma incidência de 17.010 casos novos, o que representa um risco de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2022).

A Relação entre HPV e Câncer de Colo do Útero

Sabemos hoje que a história do surgimento do câncer de colo do útero, assim como outros tipos de lesões e cânceres em humanos, depende da infecção prévia pelo vírus HPV (papilomavírus humano). O HPV possui vários sorotipos, sendo alguns deles chamados oncogênicos, ou seja, que dão origem ao câncer.

Em relação ao câncer de colo do útero, existe ainda a classificação do HPV em sorotipos de baixo e alto grau, sendo os de alto grau aqueles que levam à gênese do câncer, destacando-se os sorotipos 16 e 18 no nosso meio, responsáveis por cerca de 70% dos cânceres de colo do útero.

Importância do Rastreio Precoce

A infecção pelo HPV se dá através do contato com secreções de indivíduos portadores do vírus, por este motivo, ele é considerado uma IST (infecção sexualmente transmissível). Uma vez que o HPV se liga ao material genético de nossas células, pode desencadear mudanças no funcionamento celular, levando a acúmulos de mutações genéticas que podem resultar no surgimento de lesões pré-malignas. Se não tratadas, essas lesões podem evoluir para lesões cancerígenas, ou o vírus pode permanecer em estado de latência, dependendo da resposta imunológica do indivíduo e das características do sorotipo do vírus.

Não é porque uma pessoa se infectou com o HPV que ela desenvolverá câncer! Contudo, uma vez iniciada a vida sexual, práticas que permitem o contato de secreções com o colo do útero aumentam a possibilidade de infecção. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que, a partir dos 24 anos, todas as mulheres e pessoas portadoras de útero iniciem seus exames de rastreio, a idade podendo ser individualizada de acordo com o início da vida sexual.

A frequência dos exames deve ser individualizada, baseando-se nas características individuais da paciente e nas recomendações de sociedades e órgãos federais, assim como a idade limite para interromper esse rastreio.

Exames de Rastreio Disponíveis

Além de promover a conscientização, o Março Lilás é um lembrete anual sobre os métodos efetivos na prevenção do câncer de colo do útero, incluindo a vacinação contra o HPV e exames de rotina.

Atualmente, dispomos de três importantes exames de rastreio para o câncer de colo do útero: a citopatologia oncológica clássica, também chamada de Papanicolau, que consiste na coleta de células do colo do útero dentro e fora do canal cervical, para realização de um esfregaço numa lâmina a ser analisada sob microscópio; e a citopatologia de meio líquido, semelhante ao Papanicolau, mas com as células coletadas imersas em um meio líquido, aumentando a sensibilidade do exame. Ambos visam identificar células do colo com morfologia alterada, indicativas da ação do HPV.

Identificadas essas alterações, a etapa seguinte consiste na realização da colposcopia, para investigar regiões alteradas e realizar biópsias, se necessário.

O terceiro teste é o molecular, ou teste de DNA-HPV ou PCR para HPV, que identifica a presença do material genético do vírus, incluindo a determinação do sorotipo, o que auxilia na estratégia de tratamento. Recentemente, o Ministério da Saúde incorporou os testes moleculares ao rastreio do câncer de colo do útero, representando uma significativa conquista.

A Prevenção é a Melhor Estratégia

Ao aderirmos às diretrizes do Março Lilás, estamos dando um passo importante na prevenção do câncer de colo do útero e na promoção da saúde feminina a longo prazo. Estando na linha de cuidados para o rastreio do câncer de colo do útero, a doença se torna totalmente evitável, reforçando a importância dos exames de rotina para garantir saúde, bem-estar e qualidade de vida. E você, já realizou seus exames de rotina este ano?

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