Faz bem cuidar da mente!

Por Elaine Lacerda, Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga (CRP 02/24202)

Primeiro mês do ano. Naturalmente, se inicia um movimento voltado para o planejar. As pessoas começam a organizar o que querem fazer ao longo do ano, a estabelecer objetivos, a avaliar o que ficou para trás. Por isso, janeiro é um mês estratégico para incentivarmos as pessoas a refletirem sobre a vida, a aproveitar as oportunidades e a escrever uma nova história, priorizando os cuidados com o bem-estar.

E nessa onda provocada pela reflexão, que envolve metas e cuidar de si, vale a pena desconstruir alguns tabus que ainda existem relacionados à saúde mental. A falta de compreensão e os estigmas que carregam os transtornos mentais e o sofrimento emocional são alguns dos motivos que alimentam esse tabu. Quando diagnosticadas, as pessoas sentem vergonha, dificuldade em aceitar o diagnóstico ou até mesmo medo da repercussão negativa, acreditando que isso afetará diretamente sua reputação ou carreira.

E o curioso é esclarecer que passar por um sofrimento mental na vida é tão natural quanto sofrer por uma doença física. Por isso, o conhecimento sobre o que você sente, sobre quem você é, pode salvar sua vida. Pode ser que, algumas vezes, você tenha se sentido deslocada, desconfortável, não pertencente àquele ambiente. Sim, o ambiente causa esse tipo de dor. Contudo, se você consegue falar sobre o que sente, de uma maneira que te leve ao caminho necessário para se sentir melhor, certamente estará na direção de alcançar uma vida mais equilibrada emocionalmente.

Cada vez mais, é recorrente em consultório receber pacientes que anseiam por respostas que validem seus comportamentos. O isolamento social, mudanças de humor, o medo de falar em público, o medo do abandono, a autodepreciação, a dificuldade nas relações — sejam elas de trabalho, familiares ou amorosas — são sintomas que apontam para possíveis transtornos. Mas, cuidado! Nenhum diagnóstico é validado de maneira isolada. É necessário que a pessoa seja acompanhada por uma equipe preparada e qualificada para que seja apontado o tratamento específico para cadasituação. Não existe receita de bolo quando o assunto é: o que fazer para ter uma vida com qualidade? Somos indivíduos, únicos em cada processo.

Outro ponto interessante e que vale falarmos é que nunca os assuntos ligados ao neurodesenvolvimento foram tão discutidos. É possível que, se você não desconfiou de que possui esse diagnóstico, talvez conheça alguém que tenha recebido o laudo de que sofre com o Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Sintomas como: dificuldade de concentração, problemas no processo de aprendizagem, procrastinação, desatenção, começar as coisas e não terminar, dentre outros, podem levar a um diagnóstico de TDAH. Mas não é só isso. O contexto familiar, o ambiente em que a pessoa está inserida, as relações de modo geral, também devem ser analisadas. Recentemente os diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) aumentaram bastante. O motivo? Equívocos. Laudos de TDAH emitidos no passado, quando revisitados, apontaram para esse tipo de transtorno.

E agora? Como se sentir seguro quanto ao diagnóstico?

Certifique-se de que está sendo acompanhado por uma equipe qualificada composta por: neurologista, psiquiatra, psicólogo e não abra mão de uma avaliação neuropsicológica. Ela é fundamental dentro da avaliação multidisciplinar, pois é com essa análise coletiva que serão observadas as funções cognitivas, tais como: memória, atenção, linguagem, humor, entre outras, além de focalizar no resultado da avaliação de processos voltados aos aspectos sociais, emocionais e funcionais da pessoa. A avaliação neuropsicológica também contribui para o tipo de tratamento que será direcionado, uma vez que, a partir do laudo, neurologistas e psiquiatras avaliam que tipo de medicação é mais eficiente para o bom funcionamento cognitivo e comportamental daquele indivíduo.

Hoje, é mais satisfatório você entender porque se comporta de determinada maneira e conseguir nomear o que sente do que cair naquele conto que ter um transtorno é sinal de “loucura”. Cuidar da mente só nos faz bem!

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