A Verdade Sobre a Reforma Tributária para Consultórios Médicos

Você provavelmente já ouviu falar que a Reforma Tributária vai “simplificar” os impostos no Brasil. Mas deixa eu ser honesto: para consultórios médicos, a realidade é mais complexa.

A Lei Complementar 214/2025 (LC 214/2025) traz mudanças profundas. E sim, há uma redução de 60% nas alíquotas para saúde. Mas isso não significa automaticamente que você pagará menos impostos.

Tudo depende de como seu consultório está estruturado.

Neste artigo, vamos destrinchar o impacto real dessa reforma, mostrar simulações práticas e, mais importante, revelar qual modelo de consultório sai ganhando com essas mudanças.

O Que Muda: Dos Impostos Atuais Para o Novo Sistema

Atualmente, consultórios médicos pagam uma combinação de tributos:

• ISS (Imposto Sobre Serviços) – entre 2% e 5%, dependendo do município
• PIS/Cofins – entre 3,65% e 9,25%, conforme o regime
• ICMS – quando há venda de produtos (medicamentos, materiais)
• IR e CSLL – imposto de renda e contribuição social

A soma disso tudo pode chegar a 15% a 20% da receita bruta, dependendo do regime tributário.

O Novo Sistema (2026 em diante)

A reforma substitui esses impostos por dois tributos principais:

• CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – de responsabilidade federal
• IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – compartilhado entre estados e municípios

A alíquota combinada estimada é de 28%. Mas aqui vem o grande detalhe: serviços de saúde recebem redução de 60%.

Isso significa uma alíquota efetiva de aproximadamente 11% para consultórios e clínicas médicas.

A princípio, parece ótimo. Mas tem uma pegadinha.

A Pegadinha: A Carga Tributária Pode Aumentar (Mesmo Com Redução de 60%)

Para entender por que, precisamos falar sobre crédito fiscal.

No sistema antigo, consultórios pagavam impostos sobre a receita, mas não podiam descontar os custos operacionais (aluguel, materiais, energia, etc.).

No novo sistema, há um conceito chamado não cumulatividade plena, que permite aproveitar créditos sobre despesas. Mas há um detalhe importante: você só obtém esses créditos se tiver despesas tributáveis altas.

Simulação Real: Consultório com R$ 300 mil/mês de faturamento

O ponto de equilíbrio: 42% de despesas creditáveis.

Acima disso, você economiza. Abaixo disso, você paga mais.

Consultórios médicos “enxutos” (poucos gastos com insumos e serviços) estão na zona de risco. Clínicas com alto custo operacional (diagnóstico, procedimentos, múltiplos profissionais) sairão ganhando.

Cronograma: Quando Tudo Isso Começa?

A reforma não é de um dia para o outro. Ela tem fases:

O que isso significa na prática? Você terá até 2033 para se adaptar. Não é urgente amanhã, mas é urgente começar a planejar agora.

Quem Sai Ganhando? E Quem Sai Perdendo?

Sai Ganhando

• Clínicas com alto volume de insumos e serviços (diagnóstico, cirurgias, fisioterapia com equipamentos)
• Profissionais que investem em tecnologia (sistemas eletrônicos, telemedicina, equipamentos diagnósticos)
• Consultórios em regime de Lucro Real (conseguem aproveitar créditos de forma mais eficiente)
• Espacos compartilhados / Coworking (custos já distribuídos, mais fácil gerar créditos)

Sai Perdendo

• Consultórios muito enxutos (consultório em casa, sem equipe, sem insumos creditáveis)
• Profissionais no Simples Nacional com faturamento baixo (alíquota pode subir de 6% para 11%)
• Consultórios sem planejamento tributário (não sabem como estruturar créditos)

O Diferencial do Coworking Médico na Reforma Tributária

Aqui entra um ponto estratégico que poucos profissionais percebem:

Consultórios em espaços compartilhados (coworking) têm vantagens tributárias significativas na nova reforma.

Por quê?

1. Custos distribuídos – O aluguel, manutenção, energia, recepção já estão embutidos em um valor mensal. Isso facilita a apuração de créditos.
2. Infraestrutura profissional já instalada – Você não precisa investir sozinho em equipamentos. O espaço já tem tecnologia, climatização, segurança digital. Tudo isso gera crédito fiscal.
3. Menos complexidade contábil – Em um consultório próprio, você precisa rastrear cada despesa. Em coworking, você tem fatura mensal clara, simplificando a vida do contador e reduzindo risco de auditoria.
4. Comunidade de profissionais – Em coworking, há naturalmente indicações cruzadas, parcerias e atendimentos mais complexos (que geram mais créditos). Um profissional isolado não tem essa vantagem.
5. Compliance tributário garantido – Espaços como TRYAD já têm infraestrutura de conformidade. O risco de erro fiscal diminui drasticamente.

Simulação: Consultório Próprio vs. Coworking

Consultório Próprio:

• Aluguel próprio (R$ 5 mil)
• Funcionário recepcionist (R$ 3 mil)
• Insumos (R$ 2 mil)
• Energia, água, limpeza (R$ 1.5 mil)
• Total de custos: R$ 11.5 mil/mês
• Carga tributária efetiva: ~12% a 15% (com reforma)

Coworking (TRYAD):

• Mensalidade coworking + horas (R$ 2 mil – tudo incluído)
• Insumos específicos se necessário (R$ 1 mil)
• Total de custos: R$ 3 mil/mês
• Carga tributária efetiva: ~8% a 10% (com reforma)

Economia: Além de reduzir custos, você reduz carga tributária.

Como Aproveitar os Benefícios da Reforma Tributária

Se você está em consultório próprio, aqui estão 5 ações concretas:

1. Mapeie Seus Créditos Potenciais

Levante todos os insumos, serviços, equipamentos e despesas mensais. Seu contador pode calcular qual é o percentual de crédito que você consegue gerar. Qualquer valor acima de 42% de despesas creditáveis o coloca na zona segura.

2. Considere a Equiparação Hospitalar

Se sua clínica tem características de hospital (múltiplos profissionais, cirurgias, internação), existe a possibilidade de equiparação tributária hospitalaria (conforme LC 214/2025). Isso pode ampliar créditos e reduzir impostos. Converse com seu contador.

3. Revise Seu Regime Tributário

Hoje você pode estar no Simples Nacional. Em 2026, pode ser mais vantajoso estar no Lucro Real ou Lucro Presumido. Simule com seu contador antes de tomar decisão.

4. Invista em Tecnologia Agora

Equipamentos, softwares de gestão, telemedicina – tudo isso gera crédito fiscal. Investir agora (antes da transição) pode ser estratégico.

5. Considere Migrar Para Coworking

Se sua margem é apertada, o custo de compliance tributário é alto, ou você está cansado de lidar com burocracia, coworking pode ser a resposta. Você reduz custos fixos E complexidade tributária simultaneamente.

Caso Real: Por Que Muitos Profissionais Estão Migrando Para Coworking

Maria é nutricionista esportiva e trabalha em consultório próprio há 5 anos. Seu faturamento é de R$ 25 mil/mês (agenda pequena e seletiva).

Situação atual:

• Aluguel: R$ 2 mil
• Custo fixo total: R$ 4.5 mil/mês
• Carga tributária: ~8% (R$ 2 mil/mês)
• Lucro líquido: R$ 18.5 mil/mês

Com a reforma (consultório mantendo estrutura):

• Mesmos custos fixos
• Carga tributária sobe para ~12% (R$ 3 mil/mês)
• Lucro líquido: R$ 17.5 mil/mês (reduz R$ 1 mil)

Se Maria migra para coworking (como algumas estão fazendo):

• Mensalidade coworking: R$ 1.5 mil
• Carga tributária: ~9% (R$ 2.25 mil/mês)
• Lucro líquido: R$ 21.25 mil/mês (aumenta R$ 2.75 mil)

Resultado: Maria não apenas economiza com a reforma; ela ganha mais migrando para coworking.

Essa é a tendência que estamos vendo em Recife com profissionais de especialidades “menores” migrando para espaços compartilhados.

O Que Você Deve Fazer Agora (Antes de 2026)

✅ Imediato (Próximas 2 semanas):

• Converse com seu contador sobre o impacto da reforma no seu consultório
• Peça uma simulação de carga tributária comparativa
• Documente todas as suas despesas mensais

✅ Curto prazo (Próximos 2 meses):

• Decisão: consultório próprio ou coworking?
• Se consultório: qual regime tributário é mais vantajoso?
• Se coworking: pesquisar espaços, visitar, conversar com profissionais que já estão lá

✅ Médio prazo (Até fim de 2025):

• Estruturar mudança (se decidir por coworking)
• Implementar sistema de gestão financeira que facilite apuração de créditos
• Ter plano tributário documentado

Perguntas Frequentes

P: A reforma tributária vai aumentar ou reduzir meu imposto?
R: Depende. Se você tiver menos de 42% de despesas creditáveis, pode aumentar. Se tiver mais, reduz. Faça simulação com contador.

P: Consultórios em coworking pagam menos imposto?
R: Geralmente sim, porque há mais despesas creditáveis distribuídas e menos complexidade contábil.

P: Quando exatamente a reforma entra em vigor?
R: Gradualmente. CBS começa em 2026. Transição completa em 2033. Você tem tempo para se adaptar.

P: Vale a pena mudar de consultório próprio para coworking agora?
R: Depende do seu faturamento, custos atuais e margem de lucro. Se a margem é apertada, coworking pode ser a solução. Se é ótima, talvez não compense.

P: A redução de 60% para saúde é garantida?
R: Sim, está prevista na LC 214/2025, artigos 128-131. Mas requer correta categorização da sua atividade.

Conclusão: Não É Crise, É Oportunidade

A Reforma Tributária para consultórios médicos é desafiadora, mas não é uma crise. É uma oportunidade de repensar seu modelo de negócio.

Profissionais inteligentes estão usando essa transição para:

• Migrar para modelos mais eficientes (coworking)
• Reestruturar sua empresa fiscalmente
• Investir em tecnologia que gera crédito
• Construir redes de colaboração

Você pode fazer o mesmo.

O primeiro passo é conversar com seu contador e fazer simulações. O segundo é explorar alternativas como coworking, que resolvem não apenas o problema tributário, mas também custos, isolamento e escalabilidade da carreira.

Próximos Passos

Quer entender melhor como a reforma afetará especificamente seu consultório?

A TRYAD oferece consultoria gratuita para profissionais explorando modelos alternativos. Agende uma conversa com nosso time: você sairá com uma análise clara sobre qual modelo (consultório próprio ou coworking) faz mais sentido para sua situação tributária e financeira.

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Referências e Bases Legais

• Emenda Constitucional 132/2023
• Artigos 128-131 da LC 214/2025 (redução para saúde)
• Cronograma oficial de transição tributária (2026-2033)

Escrito para profissionais de saúde repensando suas carreiras em 2026.

Saiba mais:

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